Digital Twin: principais aplicações em diferentes setores
Descubra as aplicações do Digital Twin e como ele pode impulsionar a eficiência e a inovação em seu negócio. Saiba mais sobre essa tecnologia revolucionária.
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Você sabia que muito antes da internet chegar ao Brasil, nós tivemos, nos anos 1980, uma rede que podia ser acessada pela TV da sala, locais públicos ou computadores, em que dava pra fazer compras online, bater papo com desconhecidos, acessar jogos, notícias e até uma espécie de LinkedIn? Continue lendo para saber mais sobre o Videotexto, a tecnologia precursora da internet no Brasil.
A tecnologia avó da internet que funcionou por 20 anos no Brasil.
A internet, mais ou menos como conhecemos hoje, chegou ao Brasil em 1995. Seu acesso era feito por um computador de mesa e com a linha telefônica de casa, já com os domínios “www”. Entretanto, mais de 10 anos antes disso, alguns brasileiros puderam experimentar o que viria a ser o ancestral da internet e que é pouco conhecido nos dias atuais: o videotexto.
As primeiras ideias para esta tecnologia inovadora começaram a ser desenvolvidas no final dos anos 1970, dentro da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A), com o Projeto Ciranda, que pretendia ser um tipo de comunidade virtual para reunir todos os brasileiros, quase como as redes sociais de hoje.
No entanto, era preciso ter um computador para acessar o Ciranda e era muito difícil comprar um computador no Brasil dos anos 1980 — lembrando que neste período o país vivia em uma ditadura civil-militar e muitas importações eram proibidas.
Além disso, a mensalidade do serviço custava o equivalente a R$ 69 e todo o conteúdo dependia da própria Embratel, que não conseguiu mantê-lo atualizado.
Por conta disso, o Ciranda alcançou pouco mais de 2 mil assinantes no Brasil antes de ser cancelado, poucos anos depois.
Mais ou menos nessa época, a Europa experimentava outro formato de conexão: o teletexto, que usava a televisão e o sinal de telefonia para transmitir informações.
Na França, o Minitel foi lançado em 1982 e se tornou um sucesso. Os franceses compravam — ou ganhavam do governo — pequenos aparelhos com uma tela em preto e branco, além de um teclado. Por ele, podiam acessar as notícias do dia, os preços das ações na bolsa, previsão do tempo, serviços bancários e até fazer compras.
Em 1989 houve até um filme francês, chamado 3614 Code Père Noël (3614 Código Papai Noel) em que um garoto, na tentativa de falar com Papai Noel pelo Minitel, divulga seu endereço a um criminoso que se passava pelo velhinho e acaba tendo que defender sua casa.
Já viu algo parecido por aí, de repente nas sessões da Globo ali perto do Natal? Isso é porque um ano depois, Esqueceram de Mim faria algo parecidíssimo. Tanto que o diretor tentou processar os responsáveis por plágio.
O Minitel foi tão popular na França que até atrapalhou a chegada da internet por lá. No final dos anos 1990, metade das pessoas usavam o Minitel, mas a rede mundial só chegava a 20% dos lares. O sucesso foi tanto que os serviços só foram descontinuados em 2012.
Em outros países da Europa que usaram soluções semelhantes, ainda é possível ler as notícias “online” pela televisão — Portugal, Hungria e Itália ainda possuem alguns serviços de teletexto, mantidos por redes de televisão.
O Videotexto, como era chamado (ou VDT para os íntimos), era baseado na tecnologia francesa de sucesso e estreou no Brasil no começo dos anos 1980 pela Telesp (Telecomunicações de São Paulo), empresa operadora de telefonia do sistema Telebrás de SP, mas se espalhou para o país todo.
Para usar o Videotexto, você precisava comprar um kit da Telesp contendo um modem, que conectava sua TV à “rede”, e um teclado. Os funcionários da Telesp iam até a casa dos clientes para fazer a instalação e, depois disso, você podia acessar as informações.
Contudo, embora a televisão já fosse relativamente popular no Brasil, uma linha de telefone era bem menos acessível. Nestes tempos era mais fácil os cidadãos possuírem carros do que telefones em casa. Por isso existiam tantos telefones públicos nas ruas, os chamados “orelhões”.
Na época a Telesp até tentou fazer algo parecido com o Videotexto, instalando terminais em lugares públicos de São Paulo, que acabaram ficando conhecidos como “olhões”, e serviam para uso da população geral, o que hoje soa como algo super retro futurista!
Foi através da interligação telefônica e televisora a um computador central com um pequeno teclado alfanumérico que o Videotexto possibilitou aos seus usuários os primeiros grandes encontros físicos no Brasil de gente que se conheceu anonimamente online, em meados dos anos 80, e que acabaram virando festas mensais enormes em São Paulo, que duraram por 8 anos!
Em 1993, o Videopapo, um chat anônimo, era o serviço mais popular do Videotexto, com mais de 50 mil usuários. E assim como os furos nos serviços de streaming e redes de hoje, naquela época, cerca de 33 mil pessoas pirateava o serviço para não pagar a mensalidade de cerca de R$ 40.
Encontros às cegas e anônimos marcados pelo videotexto eram comuns – o que protegia pessoas que tinham dificuldade de conhecer iguais no mundo físico, como LGBTs.
Lembrando que por causa da ditadura o videotexto também sofria censuras quando saiam mensagens dele para a mídia ou ainda quaisquer movimentações populares contra o sistema vigente.
Jornais, como o Estadão e o Correio que idealizavam um futuro sem papel foram os primeiros a entrar no Videotexto oferecendo notícias e serviços.
Empresas como a Globo e Pão de Açucar fizeram um uso interno do Videotexto, para facilitar o contato com prestadores de serviços e fornecedores.
Várias empresas faziam vendas online através do Videotexto, incluindo Editora Abril e a Livraria Nobel. Também era possível fazer reservas de hotel e passagens aéreas.
Bancos, que sempre investem em novas tecnologias, fizeram bastante uso do Videotexto para oferecer acesso a extrato bancário e investimentos. O Bradesco, em 1983, já oferecia serviços de home banking via Videotexto.
Alguns programas de TV também chegaram a ter interação com o público através do Videotexto, como foi o caso do programa “Qual é o Grilo”, da TV Cultura, de 1983.
Demonstração de uso do Videotexto pela Telesp
Em 1983, eram pouco mais de mil clientes utilizando o serviço da Telesp em São Paulo. Em maio de 1986, pouco mais de 30 mil assinantes tinham acesso ao Videotexto, que começava a ser oferecido em outros estados do Brasil.
No entanto, eram poucas pessoas para dar lucro às empresas que tentaram oferecer serviços diversos como jornais, bate-papo, serviços bancários e de compras na plataforma. De forma que das 90 empresas que ofereciam serviços na plataforma, apenas 6 tinham lucro.
Logo, o sistema entrou num ciclo vicioso: as pessoas não usavam o Videotexto pela falta de serviços e as empresas não investiam pela falta de usuários.
Os pontos do Videotexto possibilitavam diversas funcionalidades como fazer compras online e bate-papos.
No final da década de 1980, quando o Videotexto ainda não tinha feito sucesso no Brasil, a Internet começava a dar seus primeiros passos nos Estados Unidos, com redes entre universidades.
Por lá as empresas privadas também começaram a oferecer redes particulares de computadores que conectavam algumas centenas ou milhares de usuários.
No Brasil a rede mundial de computadores chegou em 1995 e se popularizou ao longo da década seguinte. Enquanto isso, o Videotexto estava sendo descontinuado oficialmente em 2003 pela Telefônica, empresa que comprou a Telesp, após 20 anos de funcionamento com uma notinha de rodapé num jornal.
Nota sobre a desativação dos serviços do Videotexto pela Telefônica
Nos dias de hoje é até difícil encontrar informações sobre o que foi o Videotexto e como ele funcionava. Mas a verdade é que ele foi uma tecnologia inovadora e popular, de certa forma, visto que os brasileiros tiveram acesso aos serviços digitais antes de outros países desenvolvidos.
Imagine só um país da América Latina que em 1983, as pessoas podiam acessar sua conta bancária de casa, fazer compras em lojas virtuais e conhecer pessoas à distância, tudo isso através do Videotexto, esse ancestral da internet no Brasil que poucos sequer lembram do serviço.
O Videotexto foi, sem dúvidas, uma tecnologia retro futurista que existiu no Brasil nos anos 1980 e inovações como esta fazem parte do dia a dia da Enacom Group na busca por soluções inteligentes e disruptivas em diversos setores para os nossos clientes. Converse com o nosso time e seja um parceiro na construção do futuro tecnológico da indústria 4.0.
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